sábado, 3 de julho de 2010

Anaxímenes de Mileto (585 – 525 a.C.) é considerado o terceiro e último importante filósofo da escola jônica antiga. Era filho de Eurístrato e foi durante um tempo discípulo de Anaximandro. Nasceu quando Anaximandro tinha 25 anos, possivelmente no ano 585 a.C., no mesmo ano do eclipse predito por Tales de Mileto. Assim como outros pré-socráticos, a maior parte de seus estudos e de escritos se perdeu. Acredita-se que um dos terremotos que destruiu Mileto tenha sido o responsável pelo desaparecimento de grandes e de importantes obras pré-socráticas.

Embora pouco se saiba sobre a vida de Anaxímenes, ele é, com frequência, citado por diversos outros pensadores gregos posteriores por afirmar e por defender que pneuma (o ar) deveria ser considerado o princípio organizador do universo (a arcké), ou seja, o elemento básico que tudo formou.

Mileto ainda era uma florescente cidade independente e liderava as cidades da confederação jônica, quando Anaxímenes nasceu. Sardes, cidade e capital do reino Lídio, fora conquistada mais cedo pelos persas em 546 a.C. e também mais cedo foi destruída. Mileto, ainda por algum tempo, continuou sendo uma importante cidade próspera, além de uma importante rota comercial, mesmo quando passou ao domínio persa instalado ali instalado.
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Importante e dedicado estudioso das relações meteorológicas, Anaxímenes foi o primeiro a considerar que o satélite natural da terra, a Lua, recebe sua luz do Sol. Assim, conclui-se que a Lua é um astro sem luz própria. Foi companheiro de Anaximandro (610 – 546 a.C.) e com ele parece ter desenvolvido importantes pesquisas e debates. De certa maneira concordava com a teoria de Anaximandro (o ápeiron), entretanto, defendia que o ápeiron não era indefinido, por isso, Anaxímenes sugere pneuma como arcké, pois apesar de invisível era, de certa maneira, definível.

Nele a substância primordial ordenadora do universo volta a ser uma coisa determinada, como em Tales, por exemplo. Era um grande admirador da natureza. Dizem que uma de suas características era a perspicácia, ou seja, a capacidade de observar detalhes, muitas vezes desapercebidos pela maioria das pessoas.

Como meteorologista, Anaxímenes teve a oportunidade de perceber a evaporação da água, sua ascensão e sua condensação nos céus. Ali o ar mais frio transformava-se em água novamente, segundo ele. O ar já era visto como sopro de vida, como espírito (pneuma). Homens e animais precisam de ar para viver. Os ventos trazem as chuvas e as levam embora, dão movimento aos barcos e ás ondas do mar. O ar em movimento concede voracidade às tempestades. Segundo ele, pneuma controlava o curso da vida. Quando nos faltava o fôlego, vínhamos a óbito. Na morte paramos de respirar, já que a vida do ar deixava nossos corpos. Assim, Anaxímenes insiste em afirmar que o ar é, sem dúvida, o elemento ordenador e coordenador do universo.

Por inúmeras razões, Anaxímenes propõe o ar como elemento fundamental da natureza, a partir de cuja complexa e extraordinária ação (movimento) se formam todas as coisas, e no qual elas todas se decompõem (voltam a ser pneuma). A idéia fundamental continua a mesma, de que tudo se forma a partir de UM ELEMENTO PRIMEIRO, o qual subsiste por si só e é, consequentemente, divino. Neste caso, o divino não representaria mais a multidão de deuses dos gregos.

Alguns pensadores chegam a afirmar que estes pensadores acabam por defender, em certo grau, um monoteísmo filosófico, eliminando a origem ocasional do universo e o estabelecendo como fruto de um elemento vivo, eterno, ilimitado e inteligível.

Por isso podemos interpretar a filosofia de Anaxímenes como uma espécie de síntese entre Tales e Anaximandro. O racionalismo de Anaximandro é um racionalismo aberto pois a transformação de umas coisas em outras só é possível por meio do ápeiron. Em Anaxímenes assistimos novamente o racionalismo cercado do grupo de transformações. O ar como arché substitui a água de Tales, mas por sua vez incorpora algumas das propriedades do ápeiron de Anaximandro. Em Anaximandro o arché é infinito e indeterminado. Para Anaxímenes o ar, como arché, é um ápeiron (infinito), mas determinado.

Para ele, a Terra se encontrava suspensa no Cosmo pela força controlado do AR (pneuma). O Ar rarefeito possibilitava o fogo, já o fogo, quando controlado, permitia a solidez de outros elementos, como a massa de pão ou de bolo que conhecemos. Sua liquidez se solidifica sem se destruir quando exposta à uma temperatura adequada e por tempo adequado.

Em outras ocasiões suas opiniões se acercam mais da verdade que as de seu mestre Anaximandro. Assim mantém a tese de que a lua refletia a luz do sol, que os eclipses do sol e de lua acontecem quando estes corpos são ocultados por outros corpos celestes. Já o Sol se movimenta em torno da Terra e, ao ser escondido pela partes mais altas do planeta, permite o a origem e a distinção entre o dia e a noite. Seu movimento pode ser calculado e compreendido por meio de relógios de sol (durante o dia), tendo a noite o mesmo espaço de tempo diurno.

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