sábado, 3 de julho de 2010

Tales de Mileto


TALES DE MILETO (624-546? a.C.)

Os escassos relatos biográficos sobre Tales afirmam que ele, além de se dedicar à filosofia, atuava também na política, na agronomia, na matemática, na astronomia e em outros saberes, trabalhando para que as cidades da Jônia se unissem em defesa de seus interesses comuns. Tales foi também um engenheiro hábil. Alguns fragmentos indicam que ele realizou, entre outros, projetos para desviar o curso de rios, para favorecer a irrigação e a navegação, contribuiu com conhecimentos e cálculos matemáticos que favoreceram a construção de barcos, de prensas de alimentos. Dedicou-se, ainda, à astronomia: segundo alguns historiadores, ele teria previsto um eclipse solar que aconteceu em 585 a.C.


Compreende-se que o pai de Tales teve importante papel na vida desse jovem. Ofereceu-lhe a oportunidade de estudar diversos saberes, tanto em Mileto quanto em outras regiões e nações. A família de Tales enriqueceu-se às custas do comércio de sal. A família possuía uma pequena “empresa de dessalinização e de refino de sal”, produto de grande valor comercial. O produto era utilizado na alimentação de homens e de animais, na medicina, na arte cosmética, nas oferendas dos templos, na conservação de carnes e de outros alimentos e, por causa de sua importância, a família acumulou bens e riquezas. Acredita-se que o pai de Tales tinha certa influência na política e foi a ponte de acesso de Tales ao mundo da administração pública.

Alguns trechos encontrados posteriormente aludem às atitudes de Tales e relacionam as atitudes do jovem pensador a uma súbita multiplicação dos bens da família. Sua genialidade (sophia = sabedoria) se manifestava em ações concretas. Seu saber não era teórico apenas. Tales percebeu que era vantajoso correlacionar o máximo de dados possíveis (informações, saberes, conhecimentos). Certo dia percebeu que o desvio de um rio contribuiu com a fertilização do solo de determinada região, local onde o plantio de Oliveiras era a principal atividade agrícola. A irrigação não trazia somente água para o local, mas também, nutrientes e solo fertilizado das margens do rio, o que contribuiu com um enriquecimento da área fértil e um possível melhoramento da safra de azeitonas.

Esta previsão, agrícola-comercial, levou Tales a providenciar inúmeras prensas de azeitonas. Quando chegou o tempo da colheita, os agricultores tiveram uma surpresa, mas não tinham equipamentos para aproveitar a grande quantidade de azeitonas produzidas. Tales se ofereceu para comprar as “sobras” e com as prensas que possuía (previa e deliberadamente adquiridas) produziu uma grande quantidade de azeite, especiaria de grande valor comercial. O azeite era utilizado também na culinária, na medicina, na cosmética, nos templos, na iluminação e na conservação de alimentos, ampliando suas atividades econômicas e que proporcionaram a multiplicação dos bens e das riquezas da família.


Um dia, Tales foi surpreendido pelo interesse de algumas pessoas para aprenderem sobre sua forma de compreender a realidade e de associar os conhecimentos. É movido pelo interesse desses e abre uma escola, isto é, passa a dar aulas particulares sobre aquilo que defende. Em uma de suas aulas alguém lhe pergunta sobre o que ele diria ser o fundamento de todas as coisas. Tales, baseado em suas experiências e vivências, afirma que okeanos (a água) seria o responsável pela origem de tudo. Segundo ele, o quente convive com o úmido, as coisas mortas ressecam-se, as sementes, quando umedecidas, brotam; na natureza a importância da água é indiscutível. A água está cheia de vida e transmite vida para tudo.

Tales considerava a água quase como uma divindade, como se fosse a própria vida. A água estaria presente em todas as coisas e, portanto, todas as coisas estariam cheias de vida. Tales é considerado o fundador da filosofia cosmológica, por ter sido o primeiro pensador a procurar responder, filosoficamente, como o mundo surgiu e o que explicaria a sua existência. Cosmos, palavra grega que significa mundo, designa também, de forma mais ampla, o universo conhecido pelo homem.

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